quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Teve um dia que eu decidi não esperar mais nada de ninguém. É que uma hora cansa, entende? Chega um ponto em que a gente simplesmente para de acreditar. Nas pessoas e nas coisas.
Não é uma visão pessimista ou uma postura derrotista. É que os choques de realidade nos sacodem feito vento forte. As coisas são como são (tem coisa mais lógica que essa?). O problema é que a gente esquece como as coisas são de verdade. A memória, traiçoeira e sem vergonha, nos mostra só o lado bom. A gente esquece os tropeços, percalços, defeitos, lágrimas em vão madrugada afora. Fica com a parte boa, quase adocicada.
É que nem uma relação: você namora um cara que não te valoriza, só te puxa pra baixo, te destrata, não te dá o que você merece. Você sofre, chora, quase sufoca. Um dia resolve dar um chega pra lá, um sai fora nele. Passa uma semana e você pensa nossa, que saudade daquele cheiro. Que saudade dele e de tudo que ele me fazia sentir. A parte ruim você nem lembra. A memória nos engana a toda hora. A memória é a nossa parte mais louca.
Teve um dia em que eu decidi não ter mais expectativas. É que uma hora cansa acordar com o rímel borrado e olheiras sambando no meio da cara, entende? Chega um ponto em que a gente simplesmente entende que esperar muito faz doer muito.
Bom mesmo seria não esperar nada de ninguém. Contar apenas com a gente mesmo. Com nossa força e fraqueza. Com nosso poder e nossas limitações. Mas somos gente. Sentimos, ora bolas. Sentimos muito (!!!). E automaticamente pensamos: se eu posso o outro também pode. Se eu consigo me colocar no lugar dele é claro que ele também consegue se colocar no meu.
A gente esquece que talvez o outro não queira (por falta de tempo, noção, vontade ou até mesmo humildade) se colocar no nosso lugar. A gente esquece que ele pode ser mais individualista (e não há nada de errado nisso) ou um pouco egoísta demais (vejo muito de errado nisso). É claro que é importante a preocupação com o eu. Mas é fundamental pensar no nós. Ninguém vive sozinho. A gente precisa de amigos, familiares, colegas, amores.
Teve um dia em que eu decidi não pensar em mais nada. Sou da tribo que gosta de se doar. Mesmo que doa. E tenho, sim, expectativas, sim (quem não tem?). Não posso lutar contra isso. Não posso lutar contra um lado meu. Resolvi me aceitar. É claro que sei que não adianta pensar que o outro devia tomar as atitudes que eu tomaria. É frustração na certa. E, confesso, me frustro um pouco com isso. Por esperar do outro. Mas sou assim. Não quero mudar meu jeito de olhar o mundo, de sentir as coisas. Não, eu não quero sofrer. Mas também não quero ficar me protegendo o tempo inteiro e, com isso, acabar não vivendo.
Não adianta viver com um mapa na mão. A melhor coisa é se perder e ir tentando encontrar o caminho certo. Pode dar mais trabalho, mas com certeza é muito mais divertido e rende uma quantidade absurda de histórias para contar.


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