Tenho
uma amiga que quando percebe que eu estou triste costuma me perguntar
quem roubou a minha caixa de lápis de cor. Tem vez que nem pergunta,
apenas comenta: “poxa, dessa vez levaram as cores que você mais gosta!”
(...) algumas vezes, quando eu choro diante dessa indagação não é pelas
cores que não encontro na caixa nem por lembrar de quem supostamente as
roubou. Choro por perceber que ainda dou aos outros o poder de
roubá-las. Por notar que, no fim das contas, quem rouba os meus lápis de
cor preferidos sou eu.
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