Tem dor que é exibida, dói com tanto estardalhaço que parece arrastar
tudo o que encontra pelo caminho para doer com ela. Tem dor discreta,
afeita à pouca luz, que fere com calma, cresce sem fazer ruído, e nos
surpreende quando resolve nos contar que está lá. Tem dor que se camufla
e se mistura tão perfeitamente às folhagens de algumas emoções, que ao
sermos golpeados não conseguimos discernir a origem do ataque. Tem dor
antiga que, ao longo da vida, muda de tom, em dégradé, mas sempre arruma
uma maneira de doer. Tem dor recém-chegada, as malas ainda no chão, que
a gente não sabe sequer o nome que tem. Tem dor de tudo o que é jeito
na alma.
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